Ficamos sabendo que Jesus estava indo para Jerusalém participar da páscoa, então deixamos combinado dEle passar em Betânia para uma ceia em família.
Todos estavam reclinados à mesa naquele dia, e, a maioria deles estavam ocupados em ouvir a experiência de morte de meu irmão Lázaro, e Marta como sempre, estava ocupada em servir a mesa.
Também me sentia admirada com essa historia toda de meu irmão, mas o que mais me deixava maravilhada não era o milagre mas sim aquEle que operou tamanho sinal e maravilha entre nós, o milagre não era um fim em si mesmo porém o era quem o fez.
Eu tinha duas opções naquela noite de lua incendiada, podia escolher ajudar Marta com a mesa que já estava posta, ou podia me ocupar em ouvir Lázaro, foi então que escolhi Jesus.
Estava muito agradecida para traduzir tamanha gratidão com apenas palavras, eu bem que poderia como todos ter dito a Jesus “muito obrigada” ou “graças te damos” mas esse tipo de agradecimento seria raso demais para o profundo sentimento de agradecimento que me incomodava em quanto não fazia nada.
Meu coração quando batia se derretia de tamanha gratidão, então tive a idéia de derramá-lo aos seus pés.
Mas como derramar meu coração?
Voltei em meu quarto e trouxe para o cenáculo em que estávamos reunidos um perfume em sua essência mais pura, nunca tinha sido diluído, era uma herança de família que eu guardava durante anos para os dias das bordas de meu casamento que se aproximava. Caminhei com passos silenciosos por traz de seu pés, e sem Ele perceber me lancei a eles. E ali prostrada aos seus pés derramei o perfume, e enquanto derramava o perfume derramava meu coração.
O cheiro do perfume encheu a casa, ninguém mais ouvia o testemunho de Lázaro, todos os olhos estavam mirados em Jesus. Recordo que minha irmã ficou paralisada, feita mulher de Ló quando viu, cheirou e me ouviu o adorando daquela forma.
Eu o adorava agradecendo e o agradecia o adorando.
Amo meu irmão Lázaro, não queria roubar a atenção dele, mas pra mim, o Autor do milagre é mais importante que o milagre, pois o milagre não é, e nunca vai ser um fim em si mesmo.
* Este texto é uma ficção. Não deve ser tomado como “real”.
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