"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O ABORTO



A Bíblia não é explícita sobre o aborto, pela óbvia razão de que o problema não existia nos termos modernos, mas podemos encontrar nela instruções diretas, se a lemos com honestidade e seriedade.
As Escrituras Sagradas são claras quanto à sexualidade, a despeito de a sociedade ter escolhido outros caminhos, desvinculando o sexo da união conjugal legal. Aprendemos nelas que:

Devemos fugir da fornicação (que é o sexo fora do casamento). No Novo Testamento, lemos que Deus espera que nos abstenhamos "da imoralidade sexual" (Atos 15.29).

. Devemos amar, apreciar e cuidar dos nossos bebês, desde o o ventre. A vida começa ali e é ali que Deus nos conhece. Um poeta cantou: "Desde o ventre materno dependo de ti; tu me sustentaste desde as entranhas de minha mãe. Eu sempre te louvarei!" (Salmo 71.6). Outro orou assim: "Senhor, tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe" (Salmo 139.13). Jesus demonstrou uma afeição especial pelas criancinhas, quando ensinou, repreendendo seus intolerantes discípulos: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele" (Lucas 18.16-17).
. Se erramos, não precisamos passar o resto da vida carregando uma culpa por um pecado não perdoado que pode ser perdoado, porque aprendemos na Bíblia que Deus pode nos perdoa completamente, se O buscamos arrependidos e dispostos a uma vida longe do erro. [Desenvolvido a partir de PRATTE, David. Qué Enseña la Biblia Con Respecto al Aborto?]

3. A Bíblia diz "não matarás", mas há situações que relativizam este absoluto de Deus.
Uma mãe que gera um filho com conseqüência de uma relação sexual não consentida (abuso constante, estrupro) pode escolher ter o filho ou aborta-lo? Uma mãe cuja gestação lhe traz o risco de perder a vida pode escolher não ter a criança? Uma mãe cujo filho está malformado no seu ventre, com anencefalia, por exemplo, pode escolher abortar o bebê?

A legislação brasileira diz que sim. Que a mãe pode escolher. Algumas têm escolhido ter o filho assim mesmo, por razões de foro íntimo. Outras têm, pelas mesmas razões, optado pelo abortamento. No caso da malformação, não prevista no Código Penal, a justiça tem autorizado os abortos. Desde 1993, foram concedidos mais de 350 alvarás para realização de aborto em crianças mal formadas, especialmente anencéfalos. Ganhou notoriedade o caso da menina anencéfala Marcela Ferreira, que viveu por um ano e oito meses. O Supremo Tribunal Federal deve apreciar em 2009 a liberação do aborto em casos de anencefalia.

E o que diz a "lei de Deus", entendida não como o conjunto de regras de uma igreja, seja qual for, mas como a Bíblia Sagrada, corretamente lida e livremente interpretada?

Ameaçada de morte, uma pessoa pode decidir morrer e não matar ou matar para não morrer. Encontramos na Bíblia a seguinte instrução, bem específica: "Se o ladrão que for pego arrombando for ferido e morrer, quem o feriu não será culpado de homicídio" (Êxodo 22.2). Nos termos modernos, não haverá culpa se a morte do outro pelo atacado decorrer de legítima defesa.

Esta relativazação do "não matarás" (Êxodo 20.13) se aplica a outras áreas da vida?

Nas situações-limite, sim. Devemos ter em mente que a permissão não é uma obrigação. Mesmo que a lei dos homens permita, não se torna mandatório. Uma grávida por estupro pode escolher ter o seu bebê, para ficar com ele ou para entrega-lo para adoção. É uma questão de foro íntimo. Diante da iminência da morte de um grávida por estupro, os médicos podem decidir orientar a família pelo aborto ou pelo risco.

A decisão não é fácil, mas quem disse que é fácil viver?

Se o problema ocorre conosco, não devemos decidir sozinhos. Além das pessoas que entendemos merecem ser ouvidas, precisamos orar para que Deus nos oriente e precisamos de pessoas (confiáveis!) que orem conosco e por nós. A responsabilidade é nossa e de mais ninguém, nem mesmo de pastores ou de médicos.

Se o problema ocorre com alguém próximo de nós, quem sabe de nossa comunidade de fé, devemos reconhecer o drama envolvido na questão, antes de fazermos juízos simplificados e apressados. Nem devemos colocar sobre os ombros dos outros cargas que nós mesmos não suportaríamos levar. Devemos sobretudo amar essas pessoas, sejam quais forem as decisões que tiveram tomado. Continuam sendo nossas irmãs.

4. Aborto, portanto, é pecado, mas há situações-limite em que os que o praticam devem ser respeitados em suas decisões.
Já é bastante o sofrimento do estupro e imenso o sofrimento de uma mãe com a vida no fio da navalha para que lhe acrescentemos a culpa da escolha pelo aborto. Entre os males, deve ser respeitada a escolha do mal menor.

Não cabe aqui a inclusão do direito ilimitado ao aborto, baseado no desejo da mãe ou do pai ou de ambos. A atividade sexual deve ser desenvolvida no contexto do amor conjugal e da responsabilidade diante das suas possíveis conseqüências. A gravidez que não resulta das situações-limite, preconizadas pela legislação brasileira, deve ir até o fim. A possibilidade do aborto não pode ser estendida livremente para aqueles que escolheram um estilo de vida que atenta contra a santidade.

É por isto que os pastores precisam orientar sobre os vários temas da vida, embora a decisão sempre caiba a cada um, que deve saber que todo prazer tem o seu preço, preço muitas vezes mais elevado que o prazer. Também nestes casos, os pastores devem tratar com respeito e carinho aqueles que erram. Respeito e carinho não significa concordar com decisões que não podem ser aprovadas. A comunidade dos que professam a mesma fé, sob a liderança do seu pastor, tem o dever de tomar cuidados para que o fato não seja visto como um exemplo a ser seguido por outros. Também aqui a tarefa não é fácil e não há um manual humano a ser seguido. A tarefa da igreja é aconselhar, a partir da Bíblia, não impor.

Deve sempre ficar claro, nestas situações, que mesmo quando se pecou, o oferecimento do perdão continua de pé, em qualquer circunstância.

Professando a fé

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