"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Abraão e Paulo



As vidas de Abraão e Paulo têm muitas semelhanças, como dois homens de Deus que viveram por fé. A soberania de Deus permitiu que estes dois homens –e suas experiências de fé– tenham ficado registrados nas páginas das Escrituras, para exemplo, guia e consolo em nossas próprias experiências espirituais.

Em Romanos 4 nos explica amplamente a vida de fé de Abraão. O que em Gênesis é um registro histórico, em Romanos é uma explicação espiritual daquilo. Abraão foi justificado pela fé, por crer nas palavras de Deus referente a sua descendência.
Esta fé lhe foi dada no momento que ouviu a Deus, no meio de uma situação insustentável. Abraão ouviu essa palavra como é verdadeiramente a palavra de Deus. E essa palavra, ouvida assim, "opera em vós os crentes" (1ª Tes. 2:13). Como conseqüência, foi declarado justo.

No entanto, o caminho da fé não termina aí. Logo depois desse gozo inicial, houve momentos de desesperança na vida de Abraão. O relato bíblico é sucinto, mas podemos concluir que passaram anos antes que esse ato de fé tivesse os seus frutos.

Abraão creu que teria um filho de Sara, sua mulher, e que desse filho viria uma descendência inumerável como as estrelas do céu. Mas o filho chegou no tempo de Deus, quer dizer, não antes que Abraão experimentasse distintas formas de morte, tanto no físico como no psicológico. Seu corpo murchou, e com ele o seu orgulho viril.

Vários anos se passaram até que este processo de morte fosse concluído e abrisse passagem para a ressurreição.

Não tem ocorrido assim com você também, amado filho de Deus? Você tem sido levado até o extremo do desespero, mas de alguma maneira, sabe que Deus tem o controle de tudo. O processo de morte é muito longo, às vezes parece que já não há esperança.

Humanamente falando, você já deveria ter sucumbido. No entanto, a voz da fé continua acesa em seu coração, de modo que pode crer "em esperança contra a esperança", "diante de Deus, no qual creu, o qual dá vida aos mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem" (Rom. 4:17).

Deus tinha falado a Abraão, e isso era suficiente para ele. Por isso "se fortaleceu na fé ... plenamente convencido que (Deus) era também poderoso para fazer tudo o que tinha prometido" (Rom. 4:20-21). A promessa de Deus sustentou a Abraão no meio do "vale de sombra e de morte".

Não é possível experimentar a ressurreição sem a manifestação prévia da morte. O grão de trigo tem que cair na terra, e morrer, antes que surja um formoso feixe de grãos novos. E se morrer um só grão, são muitos os que surgem em ressurreição. A ressurreição sobrepuja à morte.

Umas poucas lágrimas no vale de sombras, diante de Deus, são a sala de espera de um gozo incontido. "Então nossa boca se encherá de riso, e nossa língua de louvor" (Salmo 126:2). Quem pode apagar o gozo que o Senhor acende no coração do crente? Foi assim com Sara, por isso ela disse quando nasceu Isaque: "Deus me tem feito rir, e qualquer que o ouvir, rirá comigo" (Gén. 21:6).

E quanto a Paulo?

Na vida de Paulo encontramos fatos muito similares aos que ocorreram a Abraão. Há uma frase de Paulo que poderia aplicar-se perfeitamente a Abraão, ou a qualquer dos crentes que tem vivido experiências que chegam ao limite: "Porquanto já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, mas sim em Deus que ressuscita os mortos" (2ª Cor. 1:9).

A morte é necessária para poder conhecer a Deus que ressuscita os mortos. Além disso, sem essa "sentença de morte", como perderemos a confiança em nós mesmos? Deus quer nos levar gradualmente de uma confiança em nós a uma confiança nele.

Transportar-nos de nós para Deus mesmo, pois em nós há impotência, escassez e esterilidade; por outro lado, em Deus há todo poder, generosidade e abundância.

Mais adiante na mesma epístola, Paulo dá um detalhe das experiências de morte que vivia permanentemente: "Em muita paciência, em tribulações, em necessidades, em angústias; em açoites, em prisões, em tumultos, em trabalhos, em vigílias, em jejuns ... por desonra, por má fama ...; como enganadores ... como desconhecidos ... como moribundos ... como castigados ... como entristecidos ... como pobres ... como não tendo nada. Mas alternadas com elas vão as experiências de ressurreição, de vida e de bênção, de modo que não podemos mencionar a morte, sem mencionar a vida de ressurreição que vem detrás: "Por honra ... por boa fama ... verdadeiros ... bem conhecidos ... eis que vivemos ... não mortos ... sempre contentes ... enriquecendo a muitos ... possuindo tudo" (2ª Cor. 6:4-10).

Em outro lugar diz assim: "Mas temos este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós, em tudo somos atribulados, mas não angustiados; em apuros, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; levando no corpo sempre e por toda parte a morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos ... De maneira que a morte opera em nós, e em vós a vida" (2ª Cor. 4:7-12).

Segundo a sabedoria de Deus, alguns (poucos) têm que experimentar a morte para que outros (os demais) experimentem a vida. Isto foi assim primeiramente com o Senhor, o qual morreu na cruz para que "por sua obediência, muitos sejam constituídos justos" (Rom. 5:19). Sua morte nos trouxe salvação, e as suas feridas nos deram a vida, o justo pelos injustos para nos levar a Deus.

Estas experiências de Abraão e Paulo permitiram que eles alcançassem maturidade espiritual. A fé inicial nos introduz na carreira, mas são as tribulações as que nos fazem crescer e amadurecer. Paulo diz: "Por Cristo temos entrada pela fé a esta graça nas qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não só isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência, a experiência (leia-se, "caráter provado"); e a experiência, a esperança" (5:2-4).

A fé é a porta de entrada, mas mais adiante estão a tribulação e a paciência para a formação do caráter de Cristo. E isto é maturidade.

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