"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).
segunda-feira, 10 de maio de 2010
A Lição
Éramos a única família no restaurante com uma criança.
Eu coloquei Daniel numa cadeira para crianças e
notei que todos estavam
tranqüilos, comendo e conversando.
De repente, Daniel gritou animado, dizendo: "Olá,
amigo!", batendo na mesa com suas mãozinhas gordas.
Seus olhos estavam bem abertos pela admiração e
sua boca mostrava a falta de dentes.
Com muita satisfação, ele ria, se retorcendo.
Eu olhei em volta e vi a razão de seu contentamento.
Era um homem andrajoso, com um casaco jogado nos
ombros, sujo, engordurado e rasgado.
Suas calças eram trapos com as costuras abertas
até a metade, e seus dedos
apareciam através do que foram, um dia, os sapatos.
Sua camisa estava suja e seu cabelo não havia sido penteado por muito tempo.
Seu nariz tinha tantas veias que parecia um mapa.
Estávamos um pouco longe dele para sentir seu
cheiro, mas asseguro que cheirava mal.
Suas mãos começaram a se mexer para saudar.
"Olá, neném. Como está você?", disse o homem a Daniel.
Minha esposa e eu nos olhamos:
"Que faremos?".
Daniel continuou rindo e respondeu, "Olá, olá,amigo".
Todos no restaurante nos olharam e logo se viraram para o mendigo.
O velho sujo estava incomodando nosso lindo filho.
Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o
nosso filho como um bebê.
Ninguém acreditava que o que o homem estava
fazendo era simpático.Obviamente, ele estava bêbado.
Minha esposa e eu estávamos envergonhados.
Comemos em silêncio; menos Daniel que estava superinquieto e mostrando todo o seu repertório ao desconhecido, a quem conquistava com suas criancices.
Finalmente, terminamos de comer e nos dirigimos à porta.
Minha esposa foi pagar a conta e eu lhe disse que nos
encontraríamos no estacionamento.
O velho se encontrava muito perto da porta de saída.
"Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que este louco fale com
Daniel", disse orando, enquanto caminhava perto do homem.
Estufei um pouco o peito, tratando de sair sem respirar nem um
pouco do ar que ele pudesse estar exalando.
Enquanto eu fazia isto, Daniel se voltou rapidamente na direção
onde estava o velho e estendeu seus braços na posição de "carrega-me".
Antes que eu pudesse impedir, Daniel se jogou dos meus braços
para os braços do homem.
Rapidamente, o velho fedorento e o
menino consumaram sua relação de amor.
Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão, recostou
sua cabeça no ombro do desconhecido.
O homem fechou os olhos e pude ver
lágrimas correndo por sua face.
Suas velhas e maltratadas mãos, cheias de cicatrizes, dor e
trabalho duro,suave, muito suavemente, acariciavam as costas de Daniel.
Nunca dois seres haviam se amado tão profundamente em tão pouco tempo.
Eu me detive, aterrado. O velho homem, com Daniel em seus
braços, por um momento abriu seus olhos e olhando
diretamente nos meus, me disse com voz forte e segura:
"Cuide deste menino".
De alguma maneira, com um imenso nó na
garganta, eu respondi:
"Assim o farei".
Ele afastou Daniel de seu peito,
lentamente, como se sentisse uma dor.
Peguei meu filho e o velho homem me
disse:
"Deus o abençoe, senhor. Você me deu um
presente maravilhoso".
Não pude dizer mais que um entrecortado
"obrigado".
Com Daniel nos meus braços, caminhei
rapidamente até o carro.
Minha esposa perguntava por que eu
estava chorando e segurando
Daniel tão fortemente, e por que estava dizendo:
"Deus meu, Deus meu, me perdoe".
Eu acabava de presenciar o amor de
Cristo através da inocência
de um pequeno menino que não viu pecado, que não fez
nenhum juízo; um menino
que viu uma alma e uns adultos que viram um montão de roupa suja.
Eu fui um cristão cego carregando um
menino que não o era.
Eu senti que Deus estava me perguntando:
“Você está disposto a dividir seu filho por
um momento?"
Quando Ele compartilhou o seu Filho Jesus Cristo por toda a eternidade.
O velho andrajoso, inconscientemente, me recordou:
Eu asseguro que aquele que não aceite o
reino de Deus como um
menino, não entrará nele." (Lucas 18:17).
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