"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).

terça-feira, 19 de abril de 2011

Cada Um Tem a Sua Dor




Todos somos diferentes. Cada pessoa traz consigo uma certa dose de mistério. É o jeito de ser de cada um. São peculiaridades que tornam cada ser humano um ser único: com reações próprias, com singularidades que vão do gosto ao desgosto; do sorrir ao chorar. Na verdade, ninguém é igual a outrem, inclusive na forma de lidar com o sofrimento. Existe, portanto, a dor de cada um.
É certo que temos graus diferentes de sensibilidade. Nem sempre os que estão perto de nós entendem as razões e a intensidade de nossa dor. São sentimentos muito íntimos; experiências muito pessoais. São verdades exclusivas da alma.

Aquilo que para alguns pode significar humilhação e tristeza, pode ser interpretado por outros como uma banalidade, uma tolice passageira. Os fatos da vida ganham ou perdem sentido quando afetam a nossa sensibilidade. Por isso mesmo, ainda que haja uma massificação do sofrimento, como ocorre nas tragédias coletivas, ainda assim, existirá a dor de cada um. Tanto mais perto de nós, tanto mais intensa é a dor.

Às vezes, numa mesma casa, sob o mesmo teto, um chora e outro rir. Ou, numa mesma cama, sob o mesmo lençol, um dorme em paz e outro agoniza. Daí, conhecer alguém em profundidade é, acima de tudo, procurar escutar a voz do coração, que muitas vezes é exteriorizada pela linguagem das lágrimas.

Os relacionamentos mais significativos como marido e mulher, pais e filhos, amigos e namorados, deixam marcas profundas em nós, inclusive, de sofrimento. Toda relação saudável exige um respeito para com a dor do outro. Esse respeito se dá quando não menosprezamos as lágrimas de alguém e procuramos entender as razões do seu pranto.

A dor de cada um é também a maneira como, individualmente, expressamos nossas frustrações, amarguras, desencantos, perplexidades, tristezas e lamentos. É uma forma bem humana de rejeitarmos as desumanidades. É uma maneira corajosa (e verdadeira), de revelarmos nossa interioridade, de assumirmos nossa condição humana.

A dor é também uma espécie de combustível para a vida. As grandes perdas, os lutos, as crises agudas, as enfermidades, o fim de um relacionamento, as ingratidões, enfim, as experiências dolorosas da vida, acabam injetando em nós vontade de viver, desejo de superação. É a dor como semente de vida e esperança. Alguns sonhos são gerados nas entranhas da dor. É o aprendizado silencioso de quem valoriza suas próprias lágrimas.

É exatamente na experiência da dor que Deus se revela um amigo fiel. Ele é o “socorro bem presente na angústia”, como bem disse o Salmista. Ele é o bálsamo por excelência. É também lenitivo e refrigério constantes, trazendo consolo, fortaleza e esperança. Por ser o Pai de todos, Deus está sempre presente na dor de cada um!

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