A BBC Brasil ouviu alguns especialistas para tentar entender se a religião realmente influencia o voto do brasileiro e até que ponto isso acontece.
Entre os convidados para falar sobre o assunto estava o professor de sociologia da religião da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Eduardo Oyakawa que acredita que a participação das igrejas nas eleições será constante, já que a quantidade de evangélicos também é crescente.
“É uma tendência, é um crescimento exponencial. Veja a Marcha para Jesus [que reuniu mais de 300 mil fiéis em São Paulo neste ano]. Os evangélicos acumularam um capital político que não pode mais ser ignorado. É uma presença consolidada e irreversível”, disse.
Outros dois entrevistados discordam que as religiões tenham tanta influência assim, Alberto Carlos Almeida e Marcia Cavallari acreditam que diversos fatores levam os eleitores a escolher um candidato e a religião é apenas um desses fatores.
“Há muitas variáveis para você isolar somente a religião. É mais uma, sem dúvida, mas é difícil dizer que foi algo decisivo”, disse Cavallari que é CEO do Ibope Inteligência.
Já Almeida, autor do livro A Cabeça do Eleitor, entende que o que realmente influência o voto é a avaliação dos candidatos que já estão no poder. “Sem dúvida, o desempenho do governo atual é o que decide uma eleição”, afirmou ele para a BBC.
Alberto Carlos Almeida é pesquisador do tema e lembra que até hoje não foi comprovado por dados concretos que o eleitor decide seus candidatos por estes se associam a determinas religiões.
O fato das igrejas evangélicas estarem divididas em subgrupos também é questionado pelos entrevistados, pois mostra que se a religião realmente interferisse da escolha de candidatos os números não seriam suficientes. Marcia Cavallari analisou um recente pesquisa do Data Folha que mostrou que o voto dos evangélicos estava dividido da seguinte maneira: Russomano (PRB) tinha 45%, José Serra (PSDB) 17%, Fernando Haddad (PT) 16% e Gabriel Chalita (PMDB) 6%.
“Se a religião fosse um fator tão crucial, ele teria 70%, 80% dos votos entre os evangélicos”, disse a CEO do Ibope.
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