"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Amor e Obra Social - Semeando om Sabedoria




"O semeador saiu a semear..." (Mt.13.3) Muitos semeadores têm lançado a semente, que é a palavra de Deus (Lc.8.11; I Pd.1.23). A igreja se empenha por levá-la aos perdidos. Queremos que todos a recebam de bom grado, acolhendo em seus corações a celestial mensagem.

Mas muitos são os que a rejeitam. Nossos familiares, nossos amigos, nossos colegas ou vizinhos, muitos não querem ouvir o que temos a dizer sobre Deus ou sobre a pessoa de Jesus Cristo.

Da mesma forma, se pararmos em uma esquina qualquer para distribuirmos sementes, poucos aceitarão e, entre os que aceitarem, a maioria provavelmente irá lançá-las ao lixo (ou na rua mesmo).

O que Deus fez para que a semente se tornasse atraente? Criou o fruto.

"E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, dêem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi." (Gn.1.11).

O fruto é a embalagem atraente e útil para a semente. É o seu veículo eficiente.

Se distribuirmos frutos, então a aceitação será muito maior, e assim estaremos também distribuindo sementes. Da mesma forma, quando produzimos o fruto do Espírito em nossas vidas, estamos distruibuindo a mensagem de Deus embutida em nossas ações, reações, gestos, palavras e atitudes. "O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio." (Gálatas 5.22-23).

Esse fruto é irrecusável. Quem não quer ser tratado com amor? Afinal, o amor é a essência do fruto do Espírito. É a essência do próprio Deus. Desse modo estaremos plantando a semente de maneira eficaz. Por exemplo, Pedro disse que as mulheres cristãs poderiam ganhar seus maridos através de seu procedimento e de uma vida pura, sem a necessidade de usarem palavras. (I Pd.3.1-2). É o fruto transmitindo a semente.

Como podemos alcançar os miseráveis, os marginalizados, os famintos ou os excluídos? Levando-lhes uma pregação? Dando-lhes uma bíblia? Tudo isso é maravilhoso e pode dar resultados, mas creio que o melhor caminho começa pela demonstração de amor. Não é declarar o amor. É demonstrá-lo através de atos. Entra aqui o valor da obra social, seja como iniciativa individual ou comunitária.

A igreja precisa distribuir frutos e não apenas sementes. O fruto é o amor, apresentado na forma que atende à necessidade do próximo. É a atenção, o carinho, o afeto. É o alimento, o abrigo, a roupa, o emprego, a educação, o tratamento de saúde. Isso nos faz lembrar o papel do Estado e esse pensamento pode ser uma forma de escape. Queremos nos omitir diante da responsabilidade. É verdade que o Estado precisa assumir e desempenhar bem a sua missão. Contudo, nem sempre o faz. Fica então uma lacuna, às vezes um grande abismo, que se apresenta como uma oportunidade para a igreja. E será que ela, ou melhor nós, temos cumprido nossa missão? E, se nós não fazemos, outros fazem esse trabalho e ao mesmo tempo levam uma semente maligna que conduz as pessoas à idolatria e ao satanismo. Enquanto os homens justos dormem, o inimigo semeia o joio (Mt.13.25).

Jesus atuou onde havia necessidades, embora ele não fosse o culpado por aquilo nem originalmente responsável pela solução. Por exemplo, quando o vinho acabou e Maria foi avisá-lo, ele poderia dizer: "Isso é problema do noivo. Eu não estou casando, não sou noivo, não sou fabricante de vinho, e me dá licença que eu já vou embora."

Em outro episódio, precisamos verificar o que o Mestre fez: quando viu a multidão faminta, ele não mandou que aquelas pessoas fossem procurar Herodes, Pilatos ou César. Ele disse aos discípulos: "dai-lhes vós de comer." Em seguida, ele mesmo multiplicou os pães e os peixes e alimentou a todos. Os discípulos distribuíram o pão e o peixe que Jesus lhes entregou. Quanto nos tem sido entregue? Temos distribuído, ou apenas guardado para comer depois? Também é verdade que ele não se tornou provedor permanente daqueles cinco mil homens. A igreja precisa socorrer aos que estão em situação de emergência, principalmente aos irmãos na fé (Gálatas 6.10). Depois, deveria ensinar-lhes um meio de conseguirem seu próprio sustento. Cursos profissionalizantes gratuitos para os desempregados seria uma iniciativa preciosa que as igrejas deviam implementar, aumentando assim suas chances de conseguirem emprego.

Como indivíduos, podemos fazer pouco, mas devemos fazê-lo, cada um dentro de suas possibilidades. Como igreja podemos fazer muito mais. A bíblia não nos ensina a sustentar os preguiçosos, mas sim àqueles que, temporária ou permanentemente não têm como se sustentar. Os melhores exemplos são os órfãos e as viúvas, cujo cuidado foi considerado por Tiago como a verdadeira religião (Tg.1.27). A obra social é uma frente de trabalho que a igreja não pode negligenciar.

O fruto garante o transporte da semente. Aquela planta ou árvore passa a se propagar devido ao sabor do seu fruto. Se o nosso trabalho não cresce nem expande seus horizontes, pode ser que isso seja evidência da falta de fruto. Que Deus nos ajude para que, a cada dia, tenhamos o fruto certo para entregar a quem de nós se aproximar. Que o Senhor faça germinar a divina semente em cada coração, pois isso, só ele pode fazer.



Anísio Renato de Andrade
Bacharel em teologia

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