"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
O Cavalo e a Mula
“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem” (Salmo 32:8-9).
Eu considero cavalos animais maravilhosos, e já tive o prazer de andar de cavalo em algumas ocasiões. Mas são animais que demonstram alguns comportamentos que, do ponto de vista humano, não indicam grande inteligência. Sem querer ofender os leitores que possam ser apaixonados por cavalos, sabemos que o cavalo é um animal que, deixado só, tem algumas limitações. Se não tiver ninguém para o guiar, um cavalo é capaz de atravessar uma estrada ou ficar parado no meio dela, sem perceber o perigo de um carro ou caminhão que esteja chegando em alta velocidade. Talvez seja este o motivo do uso de cavalos, ao longo da história, como animais de guerra. Sem perceber o perigo, obedecem os cavaleiros que os guiam ao coração da batalha.
Cavalos e mulas são animais muito úteis ao homem devido à sua força física e à possibilidade de serem dominados e guiados. Mas, se não tiverem freio na boca, são imprevisíveis. É este fato que Davi destaca no seu comentário no Salmo 32:9 quando nos aconselha a não imitar o comportamento destes animais.
O conselho de Davi nos alerta a examinarmos a nossa atitude em relação à instrução e correção. Há grandes diferenças nas atitudes de pessoas quando se trata de aprender as lições importantes na vida. Consideremos algumas destas diferenças e maneiras de aprender.
Aprender por Ouvir
Podemos aceitar a instrução que ouvirmos. Numa sala de aula, é comum encontrar alguns alunos que aprendem facilmente quase tudo que o professor fala. Pessoas que aprendem desta maneira geralmente se comportam conforme a autoridade dos seus superiores – sejam pais, patrões ou o próprio Senhor. Quando são avisadas de algum perigo, param para evitar a dor ou a tragédia. Quando alguém lhes ensina como cumprir uma determinada tarefa, obedecem sem questionamento.
Pessoas que aprendem por ouvir, sem questionar as instruções dadas, podem enfrentar problemas quando seus guias não são bons. Jesus avisou deste problema: “Propôs-lhes também uma parábola: Pode, porventura, um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco?” (Lucas 6:39). Deus nos ensina a respeitar a autoridade dos outros em várias esferas de atividade humana. Filhos devem obedecer aos pais (Efésios 6:1). Mulheres devem ser submissas aos seus maridos (Efésios 5:22). Cristãos devem ser obedientes aos presbíteros que os governam na igreja (Hebreus 13:17; 1 Timóteo 3:5; 5:17). Todos nós devemos respeitar e obedecer aos governantes que exercem autoridade sobre nós (1 Pedro 2:13-17). Mas não devemos nos submeter à autoridade humana quando as instruções dos homens contradizem as ordens de Deus. Nestes casos, devemos lembrar das palavras de Pedro: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).
Aprender pelos Exemplos dos Outros
Um bom professor de matemática não somente fala como solucionar os exercícios. É normal mostrar aos alunos alguns exemplos para reforçar as instruções verbais. Pelo exemplo dos outros, uma criancinha aprende andar, falar e colocar o garfo na própria boca. Aprende chutar uma bola ou fazer carinho numa boneca. Mesmo se ninguém falasse, os exemplos seriam suficientes para aprender muitas coisas importantes na vida.
Exemplos servem para nos instruir sobre a vontade de Deus. Jesus demonstrou a humildade e o serviço e disse: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (João 13:15). Paulo disse: “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” (1 Coríntios 4:16).
Até exemplos negativos servem para nos instruir. Paulo cita os erros dos israelitas no deserto e diz: “Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (1 Coríntios 10:6). Uma pessoa que chega perto de um precipício pode aprender da placa que adverte sobre o risco de cair (aprender por ouvir), ou pode aprender do exemplo de alguém que continuou adiante e caiu (aprender pelo exemplo dos outros).
Há o perigo, portanto, de seguir maus exemplos. O reinado de Jeú, rei de Israel, foi manchado porque “...não se apartou Jeú de seguir os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar a Israel...” (2 Reis10:29). Hoje, nós precisamos resistir a tentação de andar “segundo o curso deste mundo” (Efésios 2:2). Não devemos participar dos erros do mundo, concorrendo à devassidão (1 Pedro 4:3-4). A pessoa que aproxima-se do precipício, ignora a placa de aviso e não dá importância para o cadáver daquele que já caiu, corre grande risco de cair e morrer, também.
Aprender pelos Nossos Próprios Erros
Uma outra maneira de aprender envolve a experiência própria. Às vezes, por não ter a oportunidade de receber instrução, ou pela teimosia de não aceitá-la, cometemos erros e sofremos as conseqüências deles. Uma criança pode recusar as instruções da mãe sobre o perigo do fogão quente, e pode até ignorar a dor do irmão que já se queimou. Mas, depois de colocar a própria mão na boca acessa, geralmente aprende a não repetir este erro.
O filho rebelde da parábola de Lucas 15 é um exemplo deste tipo de aprendizagem. Ele saiu de casa e se entregou ao pecado. Mas, quando chegou ao fundo do poço, ele reconheceu os erros e voltou arrependido para a casa do pai dele (Lucas 15:11-24).
Não Aprender as Lições que Precisamos
O pior caso é a tendência de muitas pessoas a recusarem a aprender a sabedoria. Estas pessoas não ouvem as palavras de instrução. Não imitam bons exemplos dos outros. Não aprendem das falhas dos outros, nem dos seus próprios erros. Como cavalos e mulas, são “obedientes” somente quando forçados a fazer alguma coisa. Falta-lhes o caráter para tomar decisões boas e agir da forma certa mesmo quando ninguém está olhando. Tais rebeldes jamais teriam a força de caráter de José para resistir à imoralidade longe de casa onde “ninguém precisaria saber” (cf. Gênesis 39:7-9). Estas pessoas teimosas não chegam perto de Daniel, que decidiu não se contaminar numa terra estranha (Daniel 1:8).
Aplicações
Devemos aprender as lições e fazer as aplicações em todos os aspectos das nossas vidas. Mas quero sugerir duas aplicações específicas deste estudo:
1. Filhos em Relação aos Pais
Jovens, vocês têm muitas escolhas na vida. Uma das mais importantes é a decisão de como tratar a instrução dos pais. Podem ouvir e obedecer, aprendendo de bons exemplos e evitando os erros dos outros. Ou podem ser teimosos e rebeldes, rejeitando a orientação daqueles pais que querem seu bem. Mas não se enganem! As suas escolhas trarão conseqüências!
2. Todos em Relação a Deus
Ainda mais importante é a nossa disposição em relação à palavra de Deus. Devemos aprender das instruções que ele nos dá, aplicando as lições dos muitos exemplos que encontramos nas Escrituras e, às vezes, na experiência da vida. A pessoa que obedece como um cavalo, somente quando dominada por força, jamais terá o privilégio da comunhão com Deus.
Escutemos as palavras de Davi: “Não sejais como o cavalo ou a mula”.
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