"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Zaqueu e os "Modernos Zaqueus"
Zaqueu, judeu por nascimento, vivia em Jericó, valia-se da sua origem para reivindicar certa posição junto ao governo romano. Era um homem de estatura baixa, atarracado, meio calvo, um tanto volumoso fisicamente, e de uma sagacidade “invejável”, não media esforços para levar vantagens e iludir os menos favorecidos, até mesmo os grandes negociantes, e, portanto, tornou-se muito rico detentor de muitas propriedades, tudo isso conseguiu de maneira ilícita.
Imaginemos Zaqueu separando as moedas que arrecadava dos impostos: - uma para o governo, duas... três... para mim”.
Assim acontecia sempre, e ganancioso que era não perdia ocasião de iliçar alguém, fazendo uso do cargo que exercia.
Jericó era uma cidade privilegiada por ser de ativo comércio, havia grande oportunidade para se cobrar imposto de importação, e podemos deduzir o quanto Zaqueu aproveitou-se disso, e assim fez por muito tempo.
O nome Zaqueu significa puro, que contraposição com as atitudes e com a vida que tinha esse baixinho, que sempre levava vantagens. Poderíamos dizer: “Que coisa feia Zaqueu, você anda fazendo!” E acrescentaríamos a essa advertência, as palavras do profeta Jeremias, “cousa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra” (Jer. 5:30).
Certo dia, Zaqueu amanheceu meio incomodado, pressentia com certa inquietação que algo estava para acontecer, principalmente pelos comentários que ouvia sobre Jesus em toda Jericó. Uns diziam que Jesus era o Messias prometido, o Filho de Deus que amava, curava e libertava os cativos de seus pecados. Pecados!... Isso deixava Zaqueu nervoso, andava de um lado para o outro, como que não tivesse saída, pois no seu interior havia algo que o incomodava, sabia o quanto tinha agido errado, e seu pecado era latente em sua consciência.
Consciência!... Será que Zaqueu possuía uma consciência que o acusava a ponto de incomodá-lo?
Neste dia, Jesus entra em Jericó, e alguém avisa Zaqueu que sai apressadamente para ver de perto esse Jesus, pois a curiosidade ou quem sabealgo maior e mais sublime o estava incomodando.
Por causa de sua estatura e físico, não se locomovia com facilidade, não conseguia enxergar Jesus no meio da multidão que O seguia, então, Zaqueu viu uma figueira de grande porte, com galhos baixos e esparramados, chamada desicômoro, e subindo na árvore, conseguiu ver Jesus, e para sua surpresa, Jesus também o viu e disse que “descesse depressa, pois convinha ficar em sua casa”.Imediatamente Zaqueu desceu meio atônito com as palavras de Jesus, pois não entendia como no meio daquela multidão, Jesus o chamou pelo nome, e o que mais admirou Zaqueu foi à ordem “desce depressa”. Por que a pressa?
Uma multidão seguia Jesus e Zaqueu supôs que Ele iria ficar ocupado por um longo tempo, mas tal qual Jesus ordenou, assim fez Zaqueu, desceu da árvore, dirigiu-se para casa, com um sentimento desconhecido, pois, o Filho de Deus, o Messias prometido (como as escrituras a Jesus se referia), iria pousar na casa de um “pecador”, um cobrador de impostos, que tantos erros cometeu. Mas será que Jesus sabia o que ele fazia? Questionou-se, então Zaqueu.
Com passos curtos e apressados, chegou em casa, chamou seus empregados e ordenou-lhes que arrumassem tudo muito bem e preparassem uma ceia especial para receber um ilustre convidado.
Com a chegada do Senhor, tentou Zaqueu comportar-se de maneira que não transmitisse sua inquietação e dúvidas, e não transparecesse sua condição de “suposto” transgressor, mas a presença de Jesus era tão forte, e sua forma suave de falar e de olhar, fez com que Zaqueu tomasse a tão esperada atitude, que seria de modificar sua vida, prometendo devolver quatro vezes mais o que tinha defraudado e dar metade de seus bens aos pobres. A lei exigia que fosse restituído o capital com vinte por cento de juros, mas Zaqueu penalizou-se como se fosse um assaltante (Êx.22).
Jesus então, proferiu as palavras: “Hoje houve salvação nesta casa, ou seja, a salvação de Zaqueu.
A salvação entrou na vida de Zaqueu, não por sangue que ele herdara, mas por causa da sua fé. Zaqueu tinha um coração duro e mau, desviado para fazer coisas que desagradavam a Deus, ferindo as Suas Leis, e por essa ocasião Jesus disse: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”(Lc. 19:10).
Zaqueu prefigurou os tantos “Zaqueus” que defraudam pessoas, as quais confiam e acreditam na lealdade e honradez dos que estão em situações e cargos de confiança, e até mesmo extorquindo dinheiro da obra de Deus, valendo-se de posições e usando de forma incorreta o que é ofertado.
Existem também os Zaqueus dos cofres públicos, que usam de forma inescrupulosa os tributos que o povo paga para serem revertidos em benefícios de inúmeras áreas carentes da sociedade, os quais são desviados para fins duvidosos.
Imaginemos certa figueira, com todos esses “Zaqueus”, observando Jesus de longe, - nada de muita proximidade, para que não aconteça de serem comprometidos, - e de repente ouvem a voz firme de Jesus ordenando-lhes “desçam depressa!” Quantos descerão, reconhecendo o senhorio de Jesus arrependendo-se de suas condutas, tomando uma atitude de voltar e devolver tudo a quem de direito? Quantos serão capazes de olhar para Jesus e dizer: “Por causa do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniquidade, que é grande” (Sl. 25:11).
Muitos “Zaqueus” sabem que estão cometendo graves erros, e mesmo assim não recuam diante do apelo que é feito através de sofrimentos que seus gestos contribuíram, levando tantos a situações de desespero, roubando-lhes até mesmo a dignidade, são Zaqueus rebeldes, desprovidos do temor e que, não tremem diante da justiça divina a qual está contida nas Escrituras Sagradas, na carta do apóstolo Paulo aos hebreus, capítulo 10, versículo 31, assim escrito: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo”.
Zaqueu teve o privilégio de estar frente a frente com o Senhor, que o perdoou e salvou a sua alma do castigo eterno, mas quantos “Zaqueus” irão arrepender-se dos seus maus caminhos, redimindo-se dos seus pecados e conseguir ver Jesus bem de perto quando Ele voltar para levar os que ouviram a sua voz e o seguiram: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem” (Jo. 10:27).
Jesus ao se expressar, “desce depressa”, foi como se o próprio Deus estivesse fazendo um apelo, para que Zaqueu descesse da sua condição de pecador, e apressa de Jesus, foi de reaver aquele que estava perdido e foi achado (Lc. 15:32).
Aquela figueira de grande porte (força de Deus), e seus galhos (os braços de Deus), que acolheu Zaqueu para que o Espírito Santo agisse, e assim sendo, Zaqueu pudesse ver Jesus, e Jesus pudesse ver Zaqueu, não significando que o Senhor não tivesse conhecimento de Zaqueu, mas o próprio Zaqueu teria que ir, na direção de Jesus, descendo da sua condição de pecador, humilhando-se diante daquele que poderia restituir-lhe sua condição de salvo e redimindo-o de seus pecados.
Podemos figurar esta figueira como uma provisão divina para que, se realmente quisermos, encontraremos um modo de enxergar Jesus e deixar que ele entre em nosso coração para transformá-lo.
Zaqueu hoje está com seu certificado de garantia devidamente registrado e selado pelo Espírito Santo, o que lhe permite viver eternamente com Deus, o qual conseguiu após o seu reconhecimento e arrependimento dos seus pecados, mas quantos "Zaqueus” ainda estão precisando ouvir a voz de Jesus dizer, “desce depressa” e seguí-Lo, obedecendo como fez Zaqueu, conseguindo reaver o que tinha perdido, a vida eterna, através do perdão de Deus.
Profª. Maria Thereza P. Oliveira
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