"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).
segunda-feira, 1 de março de 2010
PARÁBOLAS DE JESUS
09 - O Credor Incompassivo - Mateus 18.23-35
“Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos;
e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida.
Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei. O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.
Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei. Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor. Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste; não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.”
Esta parábola é uma apologia ao perdão, e se insere num contexto muito interessante do diálogo de Pedro com Jesus. Estranhamente, não se observa esta parábola nos demais evangelhos, embora o diálogo citado esteja presente nas versões de Lucas e Marcos.
Ela deixa bem claro que o perdão deve ser incondicional, sendo a ausência deste, um obstáculo ao nosso crescimento espiritual, a nossa libertação deste mundo de provas e expiações. Jesus ressalta em várias ocasiões que é fundamental nos desprendermos de tudo o que nos prenda aos valores materiais enquanto estamos a “caminho”, ou seja, no decorrer de nossa encarnação. Quando se perdoa, desvincula-se da dívida, liberta-se da “cobrança”.
O primeiro ponto a ser ressaltado é a dimensão da dívida nos dois casos. O Senhor, que é Deus, perdoa dez mil talentos (muito dinheiro), enquanto o servo, que é a humanidade, foi incapaz de perdoar 100 denários (pouco dinheiro).
É importante ainda destacar que, na parábola, Jesus nos chama, humanidade endividada, de companheiros de servidão, para nos lembrar de que estamos todos juntos neste “barco”. Fica patente, também, a grande contradição: queremos perdão para nossos grandes pecados, mas nunca estamos dispostos a perdoar sequer as pequenas ofensas.
Na verdade, nós sempre devemos à Vida mais que a Vida nos deve.
A expressão lançá-lo na prisão até que pagasse o que devia, mostra a incoerência daqueles que não perdoam. Como esperar que alguém consiga acumular bens para pagar suas dívidas, se é mantido preso? Assim fazemos quando não perdoamos. A vingança nos cega, e não consegue preencher o vazio que nos aflige. Ela não sacia. Além disso, é importante lembrarmos que nós nos tornamos, mesmo inconscientemente, verdugos uns dos outros.
A recusa em perdoar pode estar associada a diversos fatores. Os principais estão, certamente, associados ao egoísmo (queremos tudo para nós e não aceitamos quaisquer barreiras no nosso caminho) e ao orgulho (nos consideramos superiores aos outros).
Como sempre, nós criamos problemas para nós mesmos. Jesus simplificava as coisas nos alertando para que fizéssemos aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem conosco.
A expressão até que pagasse toda a sua dívida, refere-se ao fato de que não existem dívidas eternas, sempre há um limite.
A questão do perdão nos remete, realmente, a profundas reflexões. Ela é tão importante que Jesus, em Sua prece O Pai Nosso, já dizia: “...Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores...”
E como estamos nós? Perdoando?
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