As polêmicas envolvendo a teologia da prosperidade ganharam um novo capítulo no meio cristão, com a decisão do Conselho Nacional dos Evangélicos da França (CNEF), de considerar a prática que coloca o plano da salvação e o enriquecimento material num mesmo nível, como algo que as igrejas evangélicas daquele país devam ignorar.
O órgão funciona como uma espécie de agência reguladora de doutrinas para as igrejas evangélicas da França, e junto de sua decisão a respeito da teologia da prosperidade, tomou a iniciativa também de ensinar a respeito dos erros dessa doutrina.
Em Maio, o CNEF divulgou um estudo que havia sido elaborado por teólogos e aprovado unanimemente por todos os representantes de denominações que fazem parte do órgão. Entre as denominações, haviam desde pentecostais até tradicionais, como batistas e ortodoxos. O documento classifica a prática como “errônea”, com “distorções” da mensagem cristã.
O documento divulgado pelo CNEF é uma postura mais enfática de um parágrafo da declaração de Lausanne III, que em 2010, foi promulgada por 4.200 lideranças evangélicas de todo o mundo, criticando a teologia da prosperidade.
Segundo o pastor batista Thierry Huser a teologia da prosperidade erra ao colocar “no mesmo plano a salvação e a prosperidade física (saúde) e material (riqueza), enquanto a salvação cristã, que é o ‘coração’ do evangelho refere-se principalmente à relação com Deus e à reconciliação com ele por meio de Cristo”.
O documento ainda ressalta, segundo informações do jornal “La Croix”, que a teologia da prosperidade “’instrumentaliza’ Deus, colocando-o a serviço da prosperidade do fiel”, e emenda, afirmando que “segundo seus defensores, o fiel deve acreditar que tudo, incluindo a riqueza, lhe foi conquistado por Cristo. Portanto, lhe bastaria manifestar a sua fé na promessa do Evangelho doando dinheiro para obter a recompensa”.
O pastor batista pontua que a doutrina que enfatiza a prosperidade ignora “toda a pedagogia de Deus na nossa vida, que às vezes quer nos dar ensinamentos a partir de situações difíceis”, embora, segundo ele, as igrejas que não pregam o enriquecimento como obrigação divina, acreditem na intervenção de Deus: “Nas nossas Igrejas, acreditamos em um Deus que intervém na nossa vida e pode dar sinais milagrosos da sua ação, mas não é preciso sistematizá-los”.
Segundo o texto do estudo divulgado pelo CNEF, quando os adeptos da teologia da prosperidade arrecadam ofertas sob argumento de que essas trarão bênçãos, jogam a responsabilidade de suas promessas em Deus: “Os profetas da prosperidade protegem-se, assim, de todo questionamento das suas promessas. Ao contrário, todo o peso do eventual insucesso recai sobre o fiel, que esperou, orou, doou”, frisa o documento.
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