"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós." (Lucas 17: 20-21).

quinta-feira, 18 de março de 2010

A Caixinha de Leite


Dois irmãozinhos maltrapilhos, provenientes da favela, um deles de cinco anos e o outro de dez,
iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o morro.
Estavam famintos 'vai trabalhar e não amole', ouvia-se detrás da porta;
'aqui não há nada moleque...', dizia outro...

As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças...
Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes 'Vou ver se tenho alguma coisa para vocês...
coitadinhos!'
E voltou com uma caixinha de leite.

Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos
'você é mais velho, tome primeiro...' e olhava para ele com seus dentes brancos,
a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua.

Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino!
Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber,
aperta fortemente os lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite.

Depois, estendendo a lata, diz ao irmão 'Agora é sua vez.

Só um pouco.' E o irmãozinho, dando um grande gole exclama 'como está gostoso!'

'Agora eu', diz o mais velho. E levando a caixinha, já meio vazia, à boca, não bebe nada.
'Agora você', 'Agora eu', 'Agora você', 'Agora eu'..

E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado,
barrigudinho, com a camisa de fora, esgota o leite todo...ele sozinho.

Esse 'agora você', 'agora eu' encheram-me os olhos de lágrimas...

E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a cantar, a jogar futebol com a caixa de leite. Estava radiante, o estômago vazio,
mas o coração trasbordante de alegria.

Pulava com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor,
com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias sem dar-lhes maior importância.

Daquele menino nós podemos aprender a grande lição,

“Quem dá é mais feliz do que quem recebe.”

É assim que nós temos de amar.

Sacrificando-nos com tal naturalidade, com tal elegância, com tal discrição,
que os outros nem sequer possam agradecer-nos o serviço que nós lhe prestamos."

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